domingo, 1 de fevereiro de 2009

Robert Johnson, o pai dos blues

Certos discos são impressionantes pela importância que atingem, o nível de influência que causam no resto do mundo da música. E um disco que não poderia ficar fora do meu primeiro time é o lendário disco de Robert Johnson, o único em toda a sua carreira. O disco data de 1936, e ainda é exaustivamente copiado por "blueseiros" de todo o mundo. São 29 músicas, que formam a Bíblia de qualquer apreciador do blues. Talvez seja o artista mais genial do blues, levando-se em conta a época da gravação do disco, e o nível criativo de suas canções. Isso sem falar no seu violão... sua técnica estava num patamar assustadoramente superior ao de seus contemporâneos. Isso foi motivo até para que surgisse a famosa lenda de que ele conseguia tocar assim por ter feito um pacto com o "tinhoso"... o que é pura balela, convenhamos. Mas serve para comprovar o quão à frente do seu tempo Robert Johnson estava.

Muita gente diz não gostar de blues por ser "tudo sempre igual" - e, em parte, a culpa disso são essas 29 obras-primas de Johnson, que serviram de "molde" melódico para quase tudo o que veio depois, até os dias de hoje - geralmente a estrutura da música é a mesma, apenas com uma outra letra.

Como explicar tal peso num artista que gravou apenas um disco em toda a sua carreira, em 1936? Como um disco que foi gravado a quase 70 anos atrás continua influenciando tantos artistas em todo o mundo? É certo que o blues é um estilo que "parou no tempo", concordo. Há pouca renovação criativa, e poucos artistas com vontade de fazer parte dessa renovação, tanto nas melodias quanto nas letras. Mas isso não diminui o valor desse disco, muito pelo contrário. Praticamente todas as gerações de músicos de blues (e até alguns de fora do gênero) já regravaram músicas de Johnson, ou utilizaram as criações dele como base melódica/criativa para as suas próprias composições.

Agora num lado mais pessoal: eu sempre acabo buscando quem foi o criador de cada coisa. É óbvio que é muito bom ouvir Marisa Monte e Eric Clapton, por exemplo. Mas eu prefiro ouvir Candeia, Cartola, Muddy Waters e Robert Johnson. Não sei explicar; acho que é mais ou menos como aquela brincadeira de criança, telefone-sem-fio: certamente a sua interpretação da frase dita vai mudar bastante depois de três ou quatro pares de ouvidos pelo meio do caminho. Então, malandramente, eu sempre tento me colocar como o segundo da fila - sempre vou tentar ouvir a frase do jeito que ela foi criada. Se o último da fila vai ter uma interpretação melhor, ou mais próxima do real que a minha, sinceramente eu não me importo: quero primeiro ter a minha própria impressão das coisas. E só então ouvir o que o último da fila tem a dizer... e decidir qual caminho seguir. Se isso é egoísmo? Não, acho que é só vontade de crescer e aprender.

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